Na noite desta quinta-feira, 27 de outubro, aconteceu o último debate entre as candidatas ao governo de Pernambuco, Marília Arraes (Solidariedade) e Raquel Lyra (PSDB). O encontro foi marcado por várias críticas às trajetórias políticas, acusações sobre alianças locais e nacionais, além de trocas de farpas. Em alguns momentos, as candidatas chamaram uma à outra de “mentirosa” e ainda incluíram parentes na discussão. 

Durante todo o debate, Lyra e Arraes trouxeram à pauta do governo Paulo Câmara (PSB) e fizeram questão de se desvencilhar de qualquer ligação com o atual gestor. Marília falou sobre o período em que Raquel foi aliada do governo. Essa, por sua vez, fez críticas à adversária por ter recebido apoio do PSB na campanha para o segundo turno, acusando-a de ser a candidata da continuidade. 

“Você acha que alguém que não faz parte do mesmo grupo político tem tanta gente da família empregada lá? A mulher do pai dela, que era gerente do Palácio. A irmã dela tinha alto cargo com Geraldo Julio, na prefeitura do Recife. O irmão até hoje é assessor da ilha de Fernando de Noronha. Olha, a manutenção do poder e a briga pelo poder não vai fazer com que Pernambuco, hoje, não consiga tomar a decisão que é da mudança de verdade”, afirmou Raquel.

“Pernambuco sabe o quanto eu combati e combato o governo Paulo Câmara. Aliás, sofri bastante. Diferente de você, que ajudou Paulo Câmara a ser colocado lá onde está hoje, que hoje é apoiada pela cúpula de Paulo Câmara. […] Entrem no Google e procurem Marília Arraes e Paulo Câmara. Vocês não vão ver nenhuma foto minha com ele. Nunca troquei cinco minutos de conversa com Paulo Câmara. Agora, da minha adversária, aí vocês vão ver um álbum de fotos”, declarou Marília.

Ao longo de todo o debate, a disputa nacional pela Presidência da República foi um dos principais pontos de conflito. Marília Arras cobrava o posicionamento de Raquel Lyra sobre a eleição presidencial, a cada novo tema debatido.  Arraes chegou a declarar que  “Quem diz que tanto faz está do lado do opressor, e está do lado de Bolsonaro”. Em outro momento, ela reafirmou para Raquel: “Sua candidatura é a trincheira do bolsonarismo em Pernambuco”.

Por sua vez, Raquel Lyra fez reclamações sobre a nacionalização do debate. “Eu convido a todos, a senhora também, a acompanhar o debate nacional que vai acontecer amanhã entre o candidato Lula (PT) e o candidato Bolsonaro (PL), para que você possa fazer a sua escolha. É lá que vai se dar a discussão federal. Aqui, nós vamos fazer a discussão sobre Pernambuco”

Sobre temas pré-estabelecidos, a candidata do PSDB questionou a adversária sobre a construção de novas vagas em creches e o que faria para evitar a evasão escolar. Arraes afirmou que pretende promover a harmonia entre os entes federativos, buscar parcerias e que sua meta é ter no mínimo 50% das crianças nas creches. “Vamos enviar à Assembleia Legislativa projeto para redistribuir o ICMS, para que os municípios possam cumprir essa meta”, Marília ainda afirmou que pretende levar 60% dos alunos do ensino fundamental ao ensino integral. 

Em sequência, Arraes questionou a adversária política sobre o que pretende fazer para valorizar os professores. Lyra afirmou que irá criar 60 mil vagas em creches, que pretende construir as unidades nos municípios e mantê-las por um ano, para que após  esse período os prefeitos possam gerir as unidades pré-esoclares. “A gente vai avançar com a saúde dentro da creche, como a gente fez em Caruaru. Dentista, oculista, entrega de óculos, vacinação, qualificação profissional para a mãe, que agora vai poder sair para trabalhar, para que ela possa ter o seu trabalho”, afirmou.

Entre os temas que abordou no debate, Marília Arraes falou sobre política para as mulheres. Ela fez críticas à construção de uma maternidade em Caruaru e questionou a lentidão da obra, durante a gestão da oponente. Raquel Lyra declarou que irá concluir a obra do Hospital da Mulher de Caruaru, além de construir cinco novas maternidades no estado, com capacidade para 100 leitos em cada uma. 

Lyra questionou Arraes sobre a proposta da criação de Casas da Mulher Pernambucana, e acusou a candidata oponente de ser contra a construção da maternidade. A candidata do Solidariedade declarou que é “desonesto” afirmar que é contrária à construção de maternidades. 

Quando o tema foi o combate a violência, Marília Arraes questinou Raquel Lyra sobre o Pacto pela Vida, programa implementado no primeiro governo de Eduardo Campos. Lyra respondeu declarando que pretende criar um programa chamado Juntos pela Segurança e que pretende investir em repressão qualificada e na prevenção social. As candidatas fizeram críticas à gestão do governo Paulo Câmara, e Marília prometeu reestruturar o Pacto pela Vida.